Homenagem a quatro dos maiores técnicos da história colorada
Com quase 105 anos de vida o Internacional marcou a história do
futebol mundial ao conquistar todos os títulos possíveis. E por trás de
cada troféu erguido havia uma equipe forte e aguerrida comandada por
técnicos que até hoje são lembrados com carinho pelo torcedor. Com pulso
firme ou em tom mais conciliador, cada um deles montou times de
qualidade ímpar e fez a alegria dos colorados. E para homenagear todos
aqueles que passaram pelo comando colorado, o Site Oficial do Inter
relembra momentos de quatro deles.
Teté, o Marechal das Vitórias (1951-1957)
José
Francisco Duarte Júnior, mais conhecido no futebol como Teté, foi um
técnico que usava da sua psicologia amadora para solucionar os problemas
que afligiam seus jogadores e assim conquistou quatro Citadinos e
quatro Campeonatos Gaúchos.
A carreira como treinador começou em 1933, quando trabalhou como
preparador técnico do Guarany, de Bagé. Após passar ainda por
Farroupilha, Brasil, de Pelotas, Cruzeiro-POA e Nacional-AC, chegou ao
Internacional em 1951 para conseguir suas maiores glórias.
No Clube do Povo, Teté montou uma equipe que tinha como
responsabilidade dar sequência ao feito daquela que nos anos 40 dominou o
Rio Grande do Sul e ficou conhecida como o Rolo Compressor. Para tanto,
reforçou o grupo com nomes como Paulinho, Luizinho e a dupla Larry e
Bodinho e conquistou os estaduais de 1951, 1952, 1953 e 1955.
Um dos momentos mais lembrados por aquela equipe, no entanto, não foi
a conquista de um título, e sim um jogo memorável. No dia 26 de
setembro de 1954 o Grêmio inaugurava seu novo estádio e convidou o Inter
para a primeira partida. O Colorado, sentindo-se em casa em pleno
Olímpico, aplicou uma goleada por 6 a 2, com direito a quatro gols de
Larry.
Em 1956, o técnico pelotense ganhou uma importante missão: montar um
time gaúcho para representar o Brasil no Pan-Americano. Com sete
jogadores colorados entre os titulares, trouxe o primeiro título da
equipe Canarinho conquistado no exterior e de forma invicta.
Após uma breve passagem pelo São José-POA, em 1958, retornou ao
Colorado, onde se aposentou em 1960. Oficial do Exército, ficou
conhecido por seu estilo disciplinador e, ao mesmo tempo, conciliador.
Rubens Minelli, o perfeccionista (1974-1976)
O
perfeccionista Rubens Minelli foi um dos primeiros treinadores a
trabalhar com a saída de bola, a linha de impedimento e as jogadas
ensaiadas, que deram ao Inter três títulos gaúchos (1974, 1975 e 1976) e
um bicampeonato brasileiro (1975 a 1976).
Com seu estilo único, montou uma equipe-base com Manga; Valdir,
Figueroa, Hermínio, Chico Fraga; Caçapava, Falcão, Carpegiani;
Valdomiro, Flávio e Lula, e buscou a primeira estrela nacional. Foi no
dia 14 de dezembro de 1975, quando aos 12 minutos do segundo tempo o
zagueiro Figueroa subiu mais alto que todo mundo na área do Cruzeiro e,
de cabeça, marcou o antológico ‘Gol Iluminado’, para delírio dos
colorados que lotavam o Gigante.
Um ano depois, o time de Minelli repetiu o feito com uma campanha
memorável: 23 jogos, 19 vitórias, três empates e apenas uma derrota. Com
Manga; Cláudio, Figueroa, Marinho Peres e Vacaria; Caçapava, Falcão e
Batista; Valdomiro, Dario e Lula, o Colorado não tomou conhecimento do
Corinthians na tarde de 12 de dezembro e com gols de Dario e Valdomiro
mais uma vez enlouqueceu a massa no Beira-Rio. Inter bicampeão
brasileiro!
Minelli encerrou sua carreira no Colorado no mesmo ano após comandar
217 partidas, conseguindo a marca de 153 vitórias, 44 empates e apenas
20 derrotas.
Ênio Andrade, o versátil (1979-1980, 1987-1988, 1990-1991, 1993)
Com
quatro passagens pelo Internacional, Ênio Andrade ficou conhecido por
seu estilo versátil, capaz de alterar a forma de sua equipe atuar e
reverter o jogo após o intervalo. Foi assim que em 1979 conquistou a
terceira estrela nacional do Colorado, e de maneira invicta, um feito
jamais repetido na história do Campeonato Brasileiro.
Após uma campanha ruim no Gauchão, com um terceiro lugar, o Inter
precisava correr contra o tempo para montar um time que disputasse o
Brasileiro para vencer. Assim, o novo treinador ganhou os reforços de
Benitez, Cláudio Mineiro, Bira e Mário Sérgio, que se integraram muito
bem à equipe.
No dia 23 de dezembro, Benitez; João Carlos, Mauro Pastor, Mauro
Galvão e Cláudio Mineiro; Batista, Falcão, Jair; Valdomiro (Chico
Spina), Bira e Mário Sérgio entraram em campo diante do Vasco da Gama e
depois de 23 jogos, 17 vitórias e seis empates, ergueram o troféu do
Brasileirão. Os gols colorados foram marcados por Jair e Falcão.
Wilsinho descontou para os cariocas.
O mestre Ênio Andrade ainda levaria o Inter à final da Libertadores
da América no ano seguinte. Na decisão contra o Nacional-URU, porém, a
equipe alvirrubra perdeu por 1 a 0, mas a derrota não apagou o brilho do
comandante colorado.
Abel Braga, o motivador (1988-1989, 1991, 1995, 2006-2007, 2007-2008, 2014)
O
atual treinador colorado também gravou seu nome na história do Inter.
Depois de bater na trave em 1980, passaram-se 26 anos para os colorados
finalmente soltarem o grito de campeões da América. O ano foi 2006. O
Inter trazia pela quarta vez Abel Braga para comandar a equipe
alvirrubra. Com um estilo motivador e adepto do futebol ofensivo e
bonito, o treinador chegava mais maduro que em sua última passagem pelo
Clube, em 1995. E, assim, foi em busca das maiores glórias da história
do Internacional.
Primeiro, veio a Libertadores. Depois de um início de ano ruim, com a
perda do Gauchão, Abel acertou a equipe para a competição e festejou no
Beira-Rio o título tão desejado pelos colorados. A campanha do time
alvirrubro teve 14 jogos, oito vitórias, cinco empates e apenas uma
derrota.
Foi em dezembro daquele ano, porém, que Abel buscou a consagração
definitiva junto à torcida colorada. Diante do todo poderoso Barcelona,
que tinha Ronaldinho Gaúcho no seu auge, o treinador foi decisivo para o
maior feito colorado. Com um time bem mais modesto que os catalães,
Abelão convenceu a equipe e os dirigentes de que, com muita garra e
superação, era possível derrotar a equipe espanhola. E foi o que
aconteceu. Os jogadores se doaram como nunca e literalmente deram sangue
pela vitória. Quando Fernandão deixou o campo com cãibras, o técnico
puxou do banco uma arma que surpreendeu a todos: Adriano Gabiru. Alheio à
descrença com que sofreu durante todo ano, o atleta assumiu a
responsabilidade que lhe foi passada e após passe magistral de Iarley
decretou que a Terra era vermelha, provando que Abel sabia o que estava
fazendo!
O treinador voltou ao Inter em agosto de 2007 e no ano seguinte ainda
conquistou um Campeonato Gaúcho para os colorados. Em dezembro de 2013,
reassumiu o comando da equipe alvirrubra com o objetivo de trazer novas
taças ao Clube em 2014, ano em que será realizada a reinauguração do
Gigante da Beira-Rio, palco de tantas de suas glórias.